sábado, 27 de dezembro de 2008

Happy end

Caro 2008,

Queria agradecer por não ter me enlouquecido ao longo de seus 12 meses. É claro que, em algumas semanas, me vi num emaranhado de tentativas de auto sabotagem de planos, sonhos e afirmativas. Não gostei de fevereiro. Perdi um dos maiores amores da minha vida, uma companheira, uma referência. Esteja onde ela estiver, espero que olhe por mim e continue guiando meus passos desconexos. Mas conheci um novo país, levei com afinco o ato libertador de escrever, li mais, saí menos. Finalmente, encontrei certo equilíbrio entre as minhas vontades e as meias verdades em que acreditava. Foram novos amigos, novos amores. Aliás, não sabia mais o que era sentir àquele friozinho na espinha. Revi gene querida, limei o que não prestava, me apaixonei, se apaixonaram por mim. Não amei. Mas vc deixou esse sentimento bem mais próximo. Quem sabe em 2009? Aprendi muito, domei meu gênio, mas ainda não me livrei da TPM, aliás cada vez mais delirante. Supri algumas carências, mas passei a fumar mais. Tomei poucos porres em comparação aos anos anteriores, comprei menos sapatos... Em compensação torrei o que tinha (e muitas vzs o que não tinha) em supérfluos que me fizeram feliz por cinco minutos. Envelheci, engordei, fiquei mais loura, mais independente e mais cética. Queria ter me exercitado, efeito dieta, ido a um templo budista, mais vezes ao samba, ao rock. Mas à praia fui sempre que pude. Passei a usar mais filtro solar, ainda não o suficiente, e me preocupam duas ou três pintas que apareceram. Fiz cursos que eu queria, viajei, aprendi que o sofá de casa é um porto seguro. Ás vz só pra mim. Mas também o dividi. Com caras diferentes. Com caras que não quero conhecer. Pela primeira vez em muito tempo me permiti acordar com alguém e fui mulherzinha. Chorei quando necessário e sorri muito mais. No saldo, caríssimo ano, foram 365 dias positivos. Tive sorte. E creio tê-la quando terminar o próximo. Antes, porém, farei uma cartinha de apresentação para 2009. Não quero cometer os mesmos erros, desejo do fundo do coração conseguir me organizar melhor, acordar cedo para caminhar todos os dias olhando horizonte, me alimentar melhor, largar o cigarro, a coca zero, e o pão. No pacote, vou pintar as paredes do quarto, fazer um trabalho voluntário e talvez conhecer a cabalah. Como foi em 2008, desejo assistir a shows incríveis, ouvir música boa, sair pra dançar mais. Que os astros permitam que o dólar se estabilize abaixo dos R$ 2 para que eu possa ir a Paris. Quero ter mais tempo pros meus sobrinhos e minha mãe e curtir os 60 anos do meu pai. Quero um amor seguro, nem precisa ser mt maduro. Nisso não pretendo mudar. Mas que seja divertido, inteligente e tenha um bumbum maravilhoso. Se só tiver inteligência já tá bom mesmo assim. Quero escrever meu primeiro livro, rodar meu primeiro documentário e guardar algum dinheiro. No fim, a gente vê o que aconteceu e faz novas listas até o infinito. No mais, é cruzar os dedos e pensar que o tempo recomeça pra gente passar alguns rascunhos a limpo.

 Israel Kamakawiwo'ole - Somewhere Over The Rainbow & What A Wonderful World

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Superlativo relativo

Já tive aqui versos, músicas e frases que me definiram muito bem. Foram substituídos ao longo de semanas, dias, horas. Chico já me descreveu inúmeras vezes. Vinicius doou parte de uma estrofe. Drummond me conferiu leveza. Cora me mostrou como menina. Já tive fases de Moska, Marisa. Beatles embalaram uma manhã. A tarde, já os havia trocado por um bom samba de Noel. Em algumas,uma tristeza velada. Em outras, alegria estampada.Hoje, porém, decidi eu mesma falar por mim, Letra e harmonia. Dizem que sou boa nisso. E sou. Sem falsa modéstia.Apesar de não saber onde ponho as mãos ao receber elogios, tenho de controlar a vaidade típica de loucos que se acham de alguma forma geniais. Já quis pintar o sete nessa vida. Acabei fazendo uma bela aquarela. Adoro pares. Tenho problema com ímpares. Nasci num ano par. Num dia sete. Às sete da noite. Desconfio que numa outra vida - sim, eu acredito - morri muito cedo. E de tanto encher o saco de um anjo estagiário, ele me botou pra correr num breve espaço de tempo. Talvez por isso, sinta uma enorme vontade de viver cada minuto como se fosse o último. Mas nunca me chame para um vôo livre. Meu gosto por aventuras extremas é pífio. Gosto do que é palpável. Creio pra ver. Me comporto como libertina ocidental, mas, no fundo, sou uma careta de burca.Já fiz um monte de besteiras. Menos até do que deveria. Sou durona. Choro, no entanto, vendo cena de novela. Me arrepio com frequência. No olhar do outro, ao toque, à energia. Adoro estar rodeada. Sou agente polarizador. Minhas turmas mudam com frequência. Sou nômade em constante busca, Mas não volúvel. Só que eu preciso ficar só e encontrar outros pares pra me fazer rir. Não tenho meias palavras. Vão ouvir de mim muitas verdades. Mas embaladas em voz de veludo, paradas em sonoras gargalhadas. Eu tiro onda de sobrevivente. E de fato sou. Já estive no finalzinho da prancha, mas aquele mesmo anjo foi efetivado e decidiu me cobrar a chance de viver mais um pouco. Já fiz arco-íris na mangueira. rinquei de pique-bandeira. Quis ser moleque pra subir em árvore. Nunca quis casa. Casei. E gostei. Já perdi um amor para sempre, e encontrei outro na padaria. Enrolei a saia pra seduzir. Cabulei a matemática. Pintei minha cara com a desculpa de beber cerveja. Abracei uma causa. Fui hippie. Meus conselhos são ótimos. Mas para os outros. Já fui arrogante, prepotente e falsa. Levei porrada. Chorei agarrada a um travesseiro, e jurei nunca mais olhar para vários alguéns.Gosto da festa, de música bem alta. Falo palavrão pra caralho. Compro cremes que nunca vou usar. Sopas que nunca vou tomar. Roupas que jamais vou vestir. Meu coração é terra em que se pisa com cuidado. Às vezes, árido. Às vezes pantanosa. Mas quem consegue chegar nele de leve e com uma bela piada pra contar, entra e não sai mais.Minha cabeça gira feito peão. Sou envolvente. Me dá cinco minutos e te levo no bico. Em dez, vc já gostou de mim. Em 30, é meu. Mas bastam dez segundos pra me detestar. Eu faço graça. Sou carinhosa. Mas não suporto frescura. Quem se vitimiza perde a minha admiração. Não curto lutos muito longos. Morro. Passo por cima e volto sem olhar pra trás. Do meu passado, guardo francas experiências. Mas não as quero de volta. Minhas gavetas são fundas e trancadas. As chaves engoli. Soltei pipa quando quis. Trepei quando quis. Mas também quando não quis saber do mundo, virei as costas e dormi. Fiz primeira comunhão, li mão na cartomante, tomo banho de sal grosso.Pretendo viver solta pelo mundo. Não tive filhos. Mas se os tiver, serei uma mãe severa. Regra é bom e eu gosto. Nem que seja para quebrá-la.Sou um território de contrastes. Toda pessoa o é. Mas eu sou bem mais divertida...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Contagem regressiva

Ele diz: odeio a obrigação de ser feliz em apenas uma noite.
O lance era sobre o revéillon.


Vc acredita em Ano-Novo????
Nas promessas de dias azuis???
No amor que vc anseia a cada hora de seus 365 dias?

Minha esperança é bissexta, meu caro.
Bienal.
Dual.

Sonhas...

Realizo em pequenas doses de querer mais,
de poder mais.
De mais e mais

E o que queres tanto assim que não pode fazer agora, aqui?

Preciso de uma nova página em branco.
De um novo giz.
Vou jogar fora a borracha gasta.

Isso é figurativo demais.

Vou pular as sete ondas do ontem,
Anteontem.
E antes de anteontem.
Depois vou me banhar em sal e me secar com o futuro

Devia era ter os pés no chão e ver que tudo isso não passa de um inconsciente coletivo.

Não posso.
tenho os pés no lustre.
Aqui do alto sou consciente
Inividual.
Eu.

E vai fazer festa?

Vou dançar.
Sozinha.
Com todas as gargalhadas reservadas a mim mesma.
Vou comer uva,
guardar as sementes na carteira,
subir na cadeira,
sorver a lentilha.

Quanta besteira

E vou repetir todos aqueles mantras difíceis.
Não conseguirei proferir nenhum com maestria
Mas aí já é dia
E ele vai raiar
Incrivelmente ensolarado
Vai brilhar só pra me acordar
Pois já é hora de

RECOMEÇAR

 Marisa Montes e Julieta Venegas - Ilusion

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Há dança. A dança.



Brilha intenso. Um desejo.
Uma dúvida. Um coração.
Pulsa. Sem bater.
A longa distância.
Em saltos com barreira.
Obstáculos.
Tolos. Vis.
Sem sentido. Só há dança.
Só a dança.
Mudança?
Certamente esperança.
Tempestades. Sem bonança.
Falsário de asas. Alado.
Ao lado. Deitado.
À direita. Na espreita.
Endireita essa nuvem.
Vai chover. De novo.
Cai em mim. Sem fim.
Enfim.
Em fim.