Eu tô água. De maré cheia. Em noite de lua rasa. Na trilha íngreme. Curva ascendente. De manhã em claro. Em uníssono. De silêncio quebrado por sussurros. De olhos fechados. Coração aberto.
Mãos espalmadas.
De joelhos.
Em posição de prece.
Eu tô fogo. De vela crepitando. No som da madrugada. No ritmo de dois corpos que dançam.
Se embaralham. Se emaranham. Se completam.
Mãos inquietas.
De joelhos.
Na posição de pecado.
Eu tô ar. De brisa leve. Ventos esparsos. Em riso de criança. Pipa voando. No azul profundo.
Cobalto. Marinho. Turquesa.
Mãos amarradas.
De joelhos.
Na posição de castigo.
Eu tô terra. De solo fértil. Semeada de girassol. Umidificada. Em dois palmos. Regada. Arada. Em ressurgimento. Urgência. Florescendo.
Mãos elameadas.
De joelhos.
Na posição de adorar.
E pés completamente fora do chão.
4 comentários:
O estado do ser em sua multiplicidade, foi muito bem representado pela junção do eu com os elementos, quase numa urgência simbolista de transcedência.
Há um leve erotismo no texto, o qual não cai nas teias da vulgaridade, isso em dias atuais é um grande mérito.
www.neuroticoautonomo.zip.net
Só uma palavra a dizer: Uia! Hahahaha
Cadê você, Alice??
adorei o blog *-*
virei fã ;*
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