quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Até logo

Tá. Saí com ele.
Pela terceira vez.
E ele gosta realmente de mim.
E eu gosto o suficiente para não querer amá-lo.
Ele poderia me amar.
Talvez dentro da sua particularidade até ame.
Mas é pra uso tópico.
E nem tão tópico.
Tá. O mandei embora outra vez.
Mais sutil, sim.
Mas mandei.
Não queria mais.
Foi bom pro final que se propunha.
Não mais farei isso.
Eu acho.
Me servir e golfar.
Mas é só gozo.
E naqueles olhos então há o quê?
Clamor?
Amor?
De cá, certa culpa.
Tesão? Talvez.
Não o quero amarrado a mim.
Em mim.
Dentro.
Fecho a porta.
Abro a janla.
Solto a fumaça.
Foi bom?
Foi.
Mas só pra mim.
Não dá pra enganar alguém assim.
Voa.
Voa pra bem longe de mim.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Meu principesco

Ele me lembra gargalhadas. Deita ao meu lado e me abraça o pescoço com as duas mãos. Agora deu pra ser metido a artista. É só fechar os olhos e sinto seu cheiro. Aqueles olhinhos rasgados, brilhantes, curiosos e vorazes. Deu pra dizer que quer ser jornalisa. Vê se pode. Acha que sou super-heroína e me chama de sem-vergonha com uma intimidade cortante. Quer me acompanhar. Me mostra sua biblioeca particular e me perguna sobre coisas que não sei dizer. Invento umas mirabolâncias e ele acha tudo incrível. Anda preocupado porque está falando tlês. Mas o inglês pronunciado precariamente é tão bonito. Sinto dor no peito ao ver o pé dele crescer. Já não consigo pegá-lo no colo. Mas continuamos jogando almofadas no chão, edredom e cabana. Leio as histórias de Ziraldo. Invenamos música. Criamos receita. Nunca imaginei que poderia ser o melhor companheiro que terei ao longo da estrada. Vê-lo criar asas me causa comoção e me emociona. Mas dá medo. Em saber que o mundo tá aí e que ele vai se servir dele. Em posições opostas. Força motriz que desafia o vento. É bom contar-lhe histórias. Deu de ficar roendo unha enquanto assiste TV. E tá achando o máximo se ver em propaganda. Assistimos juntos a filmes e é meu fã enquanto danço a música do Panda. Odeia meu cigarro e diz que vou morre rápido. Já pediu pra eu parar. Devo conseguir. Ele me dá saudade da infância com suas conclusões definitivas. Suas palavras inventadas no seu glossário particular. Cuble em vez de clube. Tesse em vez de tivesse. Calina em vez de Carolina. Aligenina em vez de alienígena... A cada segundo amo mais. E talvez seja o único amor sincero que sinto hoje em dia. Em via de mão dupla. Estivemos revendo Partimpim esse fds. E descubro, vejam só, que a música preferida dele não é mais ligliglé. Agora gosta de Poeta aprendiz. De Vinícius. É ou não é pra amar incondicionalmente.

Para Felipe, com todo o amor que existe no coração torto da Tia Calina

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Samba de uma nota só

Um amor só é bom
Quando é prá dois
Eterno é antes e depois
Agora não vou mais me enganar
Não quero mais sofrer, não dá
Se o teu desejo era me ver
Se deu vontade de saber
Se tô feliz
Até posso dizer que sim
O teu reinado acabou
Chegou ao fim
Eu não nasci prá você
Nem você prá mim...
E é isso.
Um adeus em forma de samba. Sabe aquela vontade que se tem de ficar umas doze horas no chuveiro pra tirar do corpo qualquer resquício do outro? Quase virei a Luciana Vendramini debaixo de anta água. Percebi que o máximo que conseguiria era ficar com a pele enrrugada tal qual herói da natação e no mais contrair uma indesejável pneumonia. Talvez conseguisse algo que me anestesiasse até tudo passar. Mas não consigo me ver prostrada esperando as horas.
Meu tempo é agora e não quero que isso se torne maior do que realmente deva ser.
É inho.
Inho demais pra tirar meu sono, meu sorriso, minha paz.
Não vou apagar isso de mim.
Não dá pra passar borracha em caneta hidrocor. É sempre um borrão.
Então melhor que envelheça, desapareça com o que chega depois.
Seja substituído até não mais ser lembrado.
E se aprenda com a insensatez.
Prá você é o fim da estrada
Com você fechei a tampa
Da minha casa
Dos meus amigos
Chega!
Ainda mais agora
Que eu "vou viajei"
E me livrei de você
Não quero mais ser seu amigo
Nem inimigo
Nada!

domingo, 24 de agosto de 2008

Um brinde ao amor

Assisti a uma das cerimônias de casamento mais bonitas que já vi. Não pela decoração, o vestido da noiva ou as músicas no violino. Mas por ter sido tocante ver a amiga entrando aos prantos na igreja de braços dados com o pai, um senhorzinho de seus mais de 80 anos. Ela a caminho do que acredia ser sua felicidade. Ele, com aquele olhar de dever cumprido. Casando a última filha, justamente aquela que não veio de seus genes. A mais paparicada, no entanto. E foi tão bom pensar que existe gente no mundo capaz de amar em larga escala, com tamanha generosidade no olhar. E ver um noivo tão emocionado por, finalmente, estar com sua mulher nos braços foi realmente bonito.
Não me casei na igreja. Trocamos aliança e fomos morar juntos como tantos casais apaixonados. Não faz parte dos meus desejos mais íntimos. Sempre achei os dogmas muito muito estranhos à minha pessoa. Talvez tivesse feito algum senido na época. Mas não rolou.
Talvez até me case de novo um dia, num belíssimo gramado, com muito Beatles e champagne. Ou algo muito próximo a Hair. Até combinamos um casamento. Eu e best friend. Agradamos a todos e ainda comemoramos.
E ontem tive novamente a comprovação de que quem tem amigos tem um pouco mais que tudo na vida. Os meus me protegem, são corporativos, tomam as dores, as raivas e me cercarm de amor. Se alguém esteve numa saia justa, não fui eu. Estava linda, de vermelho da cabeça aos pés, feliz por compartilhar a felicidade de um casal que tem toda a minha admiração.
Aos noivos, todo meu amor, carinho e amizade.

* Ok, post politicamente correto. Mas a noiva merece
Depois escrevo outro contando a última (última mesmo) do Jagunço.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Nowhere man

Você é tão cheio de verdades absolutas, de crises existencialistas, de ironia phyna.
E gosto tanto dessa sua inquietude e inconformidade. E o não receio de ser incorreto, de ir na contramão do que é belo e aceitável. Gosto desse humor cáustico. Por vezes proposital. Um Bill Mulray de 30 anos. Uma gata borralheira sem sapatinho de cristal. Você fala por parábolas. Escreve com dissonância. Ora quer. Ora não faz a menor questão. Não importa o que pensam de você. Mas lhe é cara a ufania. Uma espécie de epifania em torno de um personagem. Ser utópico, de questões não reveladoras. Quase monocórdico para quem não quer te ler nas entrelinhas. Mas ultracromático para quem pode, um dia, enxergá-lo. De uma tríade você é mentor, um grilo falante sem cartola. Sozinho, é metade homem metade pássaro, que deseja asas pra sair por aí com olhos de curiosidade. Pra conhecer o que já sabe existir. Aprofundar-se no nada, no de repente e no talvez. Mas vc gosta do é e se acanha com o que podia ser. Os sonhos estão por aí, em algum lugar, lendo cardápios e esperando pelo maitre com a sugestão do dia. E você, claro, vai escolher o que não tem. Porque acha que é seu direito discutir. Gosta da função de agitador. De centrifugador dos pensamentos alheios. Curte provocar reações. E é das mais raivosas das quais se orgulha. Embora deseje com ardor as mais carinhosas e em profusão. Um mito até aqui. Não pelo legado. Ainda não o tem. Mas pela sombra que deixa rastros duvidosos. E qual certeza se tem além de que o pode ser é sempre uma possibilidade concreta?

Este post é dedicado ao desconhecido que, ao traçar linhas quase esquizofrênicas, me faz bem feliz. Só por saber que existem pessoas tão incríveis quanto eu no mundo...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Amor de Jukebox

O amor que a gente vê nos olhos molhados. Que sai da boca úmida. Que invade as ruas e os cinemas. Que se senta ao café e fita a sombra sem qualquer pretensão de racionalidade. Que desenha no ar com pincéis imaginários. Papel e carvão. Parede de concreto azul. Dando vazão ao inexplicável. Oriundo do desejo de apenas estar. Que combina com sonoridades suaves, com boleros duvidosos, com cenas de cafonice arbitrária. Destoa da raiva, da tristeza, do não querer e não ser querido. Do afobar-se. Da cantoria desatinada, desafinada, desarvoirada, descompassada, desmiolada.
"If I fell in love with you
Would you promise to be true
And help me understand?
'Cause I've been in love before
And I found that love was more
Than just holdin' hands"
E quantas promessas se fazem presentes sem garantir um futuro? E quantas certezas cabem na palma das mãos dadas? Nos rostos gelados de uma manhã de inverno? Quantos anos se escondem nos cabelos emaranhados às primeiras horas do dia anterior? Quantas gargalhadas sem nenhuma graça óbvia?
"You're asking me will my love grow
I don't know, I don't know
You stick around now it may show
I don't know, I don't know"
O problema é sempre querer saber até quando. É procurar por prazos. É não perceber que tudo tem prazo de validade. Que o que nasce intenso demais pode queimar a lâmpada. Que desprender eneria com pouca coisa pode criar tornados. Um dia de cada vez. Com acertos e erros. Ninguém gosta de derrotas. Mas é quase sempre inevitável. Senão cíclico o amor.
"'Oh, darling
If you leave me,
I'll never make it alone
Believe me when I beg you,
Don't ever leave me alone"
E aí tudo parece desmoronar. O entendimento não há. O conceito já era. O ápice foi apagado, camuflado. Saturou. Porque se queria demais. Depositou-se muito na conta do outro. Fez dele um laranja de todos os desejos e historinhas fantasiosas. Prendeu-o numa gaveta de arquivo morto. Deixou a poeira tomar conta do que podia estar em posição de destaque. Tal qual bibelô, quebrou-se. Frágil e inconseqüente.
"Words are flowing out like
endless rain into a paper cup,
They slither while they pass
they slip away
across the universe
Pools of sorrow, waves of joy
are drifting through my opened mind
Possessing and caressing me"
E quando tudo passa, se acalma e torna-se raso, se pensa no que deu errado. E vê-se que o não acerto foi apenas provocado. E é possível remover a pá de cal. É possível deixar debaixo do tapete todos os impropérios ditos, velados e testemunhados. É hora de buscar antídoto pro veneno de estar só querendo-se unido. É preciso redescobrir o amar. E todos precisamos de amor.





* Post baseado no filme musical "Across the universe". Não deixe de assistir e se apaixone.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Do poder de escolha

Tá. Tinha a festa da Playboy hj pra ir. O convite tá aqui ainda.
Não, não fui.
Comassim?
Ah não tava com vontade. Brochei. Fiquei com preguiça. K-gay.
E esse poder de escolha é simplesmente divino maravilhoso al qual cantada por Gal.
Ok, pode dizer que velha, deprimida, caduca, ranzinza.
mesmo um pouco de cada isso. E sou mais velha que a revista. O que já seria motivo suficiente pra me esgueirar pelas paredes.
Mas pára e pensa: festa da Playboy é tal qual mansão Hefner.
Convites distribuídos para 70% de mulheres e apenas 30% para homens. Destes 30 boa aí que 10% são gays. Os outros 20% vão atrás das coelhinhas.
Ano passado eu fui. Tinha funk, tio sukita, ator viado dando pinta com gogo girl, curralzinho vip de ex-BBBs e aspirantes a rainha de bateria do Cubango.
Não, não me arriscaria. O espumante era bom, mas ah, gte, dá preguiça investir nessas festas.
Não fui. Prontacabô.
Se fosse na semana passada talvez tivesse ido. Parada urgente para resolver, casório de amiga do qual sou fada madrinha vai me colocar numa saia justa daquelas. E não to falando só do vestido...
Então encontro amiga no Gtalk conto o drama e ea saca da cartola um dos pouquíssimos amigos hetero dela. Ok, apresentações virtuais feitas, topei o convite do moço. Tipinho que eu gosto, meio gordinho, barbudin, cara de mané. Ok, vamo que vamo.
Cheguei ao boteco e lá estavam todos. Amiga, namorada e loser. Não via amiga há tempos, foi superanimado, conversamos sobre td, trabalho, derrotas, casório, ex-maridos, noivos e afins e o loser lá interagindo ma non tropo.
Bom, penso: vai que não gostou de mim (embora olhasse meu decote o tempo todo). Penso de novo: ele é igual meu ex-namorado surubeiro (que merece um post só pra ele).
papo vai papo vem, casal de amigas decide correr pra casa. Ficamos eu e loser. Bebemos mais um pouco e ele começa a dizer que odiava a ex-sogra. Achei estranho. Não pq não seja normal odiar a sogra, mas permanecer odiando uma que já é ex... esquisito. Aí, começa um revival e decide me contar as agruras de seu casamento. Eu ali com aquela cara de psicanalista, mão no queixo quase lendo O Estadão.
Hum, sei...
Ela me deixou na merda quando eu mais precisava
Ah, sim, é?
É, quando fiquei desempregado, em 2003, ela se fechou. Eu ficava em casa e tals, cuidando do filho e tals.
bla bla bla ti ti ti, ok vc venceu sem batatas fritas. Vambora correndo!

Ok, já devia ter aprendido.
BLIND DATE NÃO!!!!!!!!!1

Mácomassim?
O cara não trabalha há cinco anos e aos 40 o problema é do mundo???
Começou a me dar certo comichão. Provavelmente cruzei os braços e decidi pensar nas sete margens do rio Ota. Nenhuma menção de intimidade. Eu não gostei. Ele não gostou. Simples assim.
Mas, obviamente, voltei pra minha casa meio frustrada por não conseguir admirar o cara em nada. E sem admiração não há tesão que sublime uma decepção. Imagino que ele não tenha gostado muito de mim pq não faço o padrão estético de caras como ele. E também não vou xoxá-lo por isso. Acontece. Eu não gosto de baixinhos e coroas, for example. Mas ainda que fosse o número dele, desejaria continuar na prateleira.
Depois, conversando com amiga - que por sua vez não entendeu lhufas - chegamos a conclusão que ele é meio, digamos, encostado. Aí ela me conta:

Sabe fulano? Po, tá mortão com as olimpíadas.
e ele compete?
Não não, não perde uma prova na TV.

Pensamento olímpico: "Mais vale uma Jade chorando no solo do que um Phelps voando"

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sua menina

Eu comprei um sonho hoje, vô. Pra lembrar de tardes com café e manteiga na sua mesa da cozinha. Daquele seu pijaminha azul, os chinelos Franciscano que jamais poderia calçar. Mas calçava, você bem sabe. E vesti aquele seu suéter cinza, quentinho, pra me sentir envolvida por seu cheiro e sua lembrança. E me vi sorrindo de seu sorriso branco quando me via chegar pela janela, andando na ponte, anunciando minha proximidade pela casa. Lembrei dos seus cotovelos ásperos de observar a vida do quarto andar. Nos seus olhos marejados via os melhores dias da minha vida. E de quanto o conhecia em seus silêncios, sua delicadeza e discrição. Um dia pra rever as madrugadas que invariavelmente terminavam de manhã, quando vc dava de comer aos canários. De sua elegância ao ponderar sobre qualquer assunto. O seu deixa isso pra lá para pôr fim a qualquer possibilidade de descontentamento. Queria ter podido conviver mais com você e não me sentir tão sozinha como estou agora. O tempo inteiro fostes meu pai do coração, da alma e da realização. Cada vez que ouço um boa noite, me recordo de você na cadeira recostado só esperando pelo dia seguinte. Seria bom que estivesse presente de novo. Tua ausência é sempre tão estranha, mesmo depois da maturidade. Não há como ver gomalina na farmácia e não o testemunhar se penteando no banheiro. Pras saídas corriqueiras atrás do cotidiano de sua cidadezinha caipira, amada e perpetuada com seu sobrenome em logradouro. Da sua fé inabalável, de Santa Rita de Cássia. E ouvi, sabe, Ray Charles. E chorei, claro. Você sabe que não resisto ao enredo dramático da perda. O arroz com feijão ainda tem aquele gosto da sua existência. E nunca mais comi goiaba em calda. Ninguém gosta além de mim e você. E comer sozinha, vô, é muito chato. É pra quem tem pressa ou nenhum apreço por certas iguarias como você teve. Do seu cheiro é só fechar os olhos que me sobe às narinas. Do abraço quente e confortável, protetor de todo e qualquer mal que o mundo quisesse me fazer. To carente do orgulho qe sentia ao me ver, ao saber dos meus feitos e efeitos. Ninguém me assiste mais. Alguns até me lêem. Mas, sabe, nunca mais tee graça aparecer na tevê. Como o presidene do meu fã-clube voou pra perto de Deus, decidi me aposentar. E agora, meio anônima por aí, procuro seus conselhos, seus remédios e sua aceitação. Ouvi o pio de um pássaro e tive certeza de que era você a me visitar, pra me trazer sua benção e seu amor, grande o bastante pra encher meu coração de coragem e afeto. Te amo, Ano Domini. Sempre... Até que o infinito se torne nosso universo outra vez.


sábado, 9 de agosto de 2008

Antropofagia




Ele me olhou na pista. Eu sustentei.
Uma requebrada. Um jogo de cintura.
Ele se aproximou. Sorri.
Me disse palavras confusas.
Com hálito quente, uma mistura de halls de limão e cerveja, tentava pronunciar algo que soasse inteligente.
Me puxou os cabelos. Me pegou pela cintura.
Me beijou com delicadeza.
Demoradamente...
A língua macia, timidamente exploradora, passeava na minha
Lábios, pescoço.
Me encostou na parede.
Dançamos colados, respirando ofegantes ao som de Iggy Pop
Forte, firme, rijo
Cheiro, pele macia, pêlos.
Inclinaca a cabeça deixando queixo e pescoço à mostra.
Vulnerável, a cada beijo, fechava os olhos.
Se contorcia, me afastava, olhava dentro de mim e recomeçava.
Ficamos nessa coreografia desensaiada longos minutos que pareceram dias
Perguntei seu nome.
Quis saber se podia morder meu pescoço.
Deveria... Ofereci
Me ofereceu o dele.
Puxei seus cabelos. Pediu mais.
Sentou no meu colo. Me beijou com tesão.
As unhas arranharam minhas costas no vestido nú.
Entramos no táxi. O deixei perto de casa e mais nada sei.
Conheço seu nome, seu cheiro, seu gosto, seu toque.
E a mim me basta.

domingo, 3 de agosto de 2008

O demônio e a esfinge

E lá fui eu. Vestida de diaba. Era, era sim. Vestido vermelho, ulradecote, saltos, chifres, chicote e maquiagem básica. Éramos três cramulhões, na realidade. Ainda tinha amiga zóio azul e amiga paulista. Era uma festa em alusão ao Dia das Bruxas. E vamocombiná que como a bruxa andava à solta (anda, melhor dizendo) todo cuidado era pouco para não se transformar efetivamene em uma. Chegamos animadas. Lugar começando a encher. Amo festa à fantasia. Pq posso ser quem quiser. E no meu figurino dominarix do inferno, tava adorando as cantadas. Quer dizr. Nem todas.

_ Dá aquela gargalhada que nem filme de terror?
(Oi???)
_ To de diaba. Não de bruxa.
_ Ah, mas vai, gargalha...
(Só se for da sua cara. Prego)
_ Vai ali no bar, vai. Na volta, eu gargalho...

Saí. Fui dar uma volta. Encontrei um barbudinho no bar interno. (Quem me conhece, sabe que tenho queda por aqueles manezinhos com cara de diretor de curta-metragem). Ok, o que vamos beber dessa vez??? O de sempre. Peço meu Red com gelo. O carinha vai de cerveja. Fudeu, cruzou os olhos. Com os da minha amiga zóio azul. Mas emendou um papinho comigo sobre algo corriqueiro, risadinha. (Sempre tenho uma tirada inteligente e ironica nessas horas e pareço o mais agradável possível. Nada de fazer a blasé). Mas o olho temia em outra direção. Como odeio disputas, disse que ia ali fora. Fiquei um tempo papeando com galerinha das antigas, bebendo, olhando os franks, os curupiras e os sacis... Voltei pra dançar. Encontro o barbudin. Zóio azul atracada com um lutador de jiujitsu-kung fu-kick boxer-van dame. Manezinho ali sozinho...
_ Ué, ainda tá aí?
_Tava te esperando. Vc não me chamou pra ir com vc então fiquei aqui.
(Até parece... Mas dei corda)
_ Ah é? E como sobreviveu à minha ausência.
_ Agarrado à lata de cerveja
(Gostei. Espirituoso)
_ Vou dançar...
_Pera aí. Vamos conversar um pouquinho (chegando perto, muito perto mesmo)
_ Hum, vamos lá: física quântica, Hugo Chavez ou Mulher melancia?
_ Você... (Hum, megaesperto e barato. Adoro!)
_ Eu? O que vc quer saber? Além do meu nome, talvez...
_ Do seu nome e ... do seu beijo. Sei que vc tá loka pra me beijar (ai, não resisto aos convencidos poi sempre me parecem seguros)
_ E vc queria beijar a zóio azul....
_ Admito, ela tem o olho lindo. Mas vc é divertida, charmosa, bonita e sexy. (Aí foi, né. Vou ficar fazendo a linha intocável pra que? De mais a mais sexy e charmosa são elogios dos quais me apeteço muito)

E foi bem bom. Barbudinho era surpreendenemente bom, embora um pouco afoito, metendo dentes e tals. Enfim, nos divertimos a beça. Até a hora em que vi um amigo de longuíssima data.
Abraços carinhosos, apertados, felicidade de encontro. Eis que barbudinho me segura pela cintura, como se fosse namorado, franze a testa e amarra a cara. Amigo que saca climão, cai fora.

_ Vc tava dando mole pra esse cara na minha frente?
(Oooooi???)
_ Não que precise, mas ele é meu amigo de zentos anos...
_ Eu vi como ele olhou pra vc...
(Ai saco! DR com pseudopeguete???????????)
_Ai barbudinho adoro essa música. Vem...
Saio puxando barbudinho pista adentro. Ele ameaça querer continuar o descabível. Mas o beijo. Ameaça falar. Beijo. Dançamos, fizemos planos de uma noite, aquela coisa básica de gostosa e gostoso e me deu vontade de fazer xixi.
_ Barbudin vou ao banheiro, vc pega uma bebida pra gte?
_ Não, vou com vc...
E sai me puxando pela mão como se fosse meu marido há 30 anos. Monta guarda na porta do banheiro e eu quase penso em pular a janela. Como é alto demais e o barbudin até beija bem, saio pela porta mesmo.
_ Vc queria vir sozinha pq ia se encontrar com aquele cara, né? (o amigo tava na sala ao lado)
_ Quem?
_ Não se faz de desentendida não...
(Ah agora me emputeci)
_ Olha aqui, barbudin, vc tem o que, uns 37 anos? Já foi corneado qtas vezes? Cara, se toca. Se precisasse dar um perdido em alguém, nem ficaria com vc. Tava até gostando e tals, mas agora deu, já foi, não quero perder minha noite num blablabla idiota com alguém que não é e nem será nada meu...
_ Mas eu... Pera, é que... Poxa, a gte tem... Rolou uma conexão... Pensei em levar vc na minha casa amanhã, e a gte ir ao cinema, e namorar, sei lá....
(Ppsycho)
_ Não, isso é letra de música barbudin. Eu só tava afim de curtir minha festa à fantasia, não costumo sai de chifres sempre, sabe? E claro, viro o demônio às vzs, mas hj era pra ser de uma forma mais lúdica, sacô. Só que vc deve ser o porteiro chefe do inferno. Misquece!

E lá fui eu, sozinha, prapista com meu copo, meus chifres e meu chicote, dançar até de manhã. Pq de boas intenções o inferno tá cheio...