segunda-feira, 21 de abril de 2008

Reticências...

Acabei de ler Penelope. Não é um livro incrível, daqueles inesquecíveis. Mais parece um roteiro fantasioso da Disney ( e virou filme com Cristina Ricci, ainda inédito para os tupiniquins), mas é bonitinho, cumpre o papel de entreter e tem mensagem positiva no final e happy end, que é o que a gte gosta. Mas por pouco não vira um exemplar de auto-ajuda. Boa dica pro final de dias preguiçosos.

E amanhã começa tudo de novo... E tem festeeenha que me permite calçar os saltos e, quem sabe até, me divertir de verdade.

Sol entrando em Touro, meu inferno astral. Comprei incenso, sal grosso, baguá, rosa branca e gravei muitos CDs. To ouvindo Fiest, Adele e a lindíssima Candie Payne. Baixei Portishead e é perturbador. Descobri Regina Spektor, que não conhecia. Muito bom. Sombrio mesmo é um tal Goldfarp. É noir, algo entre "Dália Negra" e "Veludo Azul".

Quero aprender a posar música aqui. Será que dá???

http://www.youtube.com/watch?v=rH6PEJ17MAQ

Tentemos, néam?
Isso é trilha de 007 dos bons anos com Sean Conery!

domingo, 20 de abril de 2008

Oráculo

"E se eu pular agora"?
_ Vai se machucar.
"E se eu não souber"?
_ Terá de enfrentar o vazio.
"E se só chegar perto"?
_ Será empurrada.
"E se me defender"?
_ Não correrá o risco.
"E se me arriscar"?
_ Pode quebrar uma perna.
"E se eu ficar"?
_ Quebrará as duas.
"E se der meia volta"?
_ Nunca irá saber.
"E se eu procurar"?
_ Talvez nunca ache.
"E se eu correr"?
_ Vai se assustar.
"E se eu jogar"?
_ Pode se perder.
"E se desistir?"
_ Estará morta.

No title

Eu não gosto da rima.
Minha poesia vem do som da rua
Da alma que chega apressada
Do feio
Do sujo
Do roto
Do esfarrapado
Minha poesia tá nos olhos castanhos
Dourados da manhã sem sol
Da lágrima que escorre pelo canto da boca
Do moço
Da velha
Da gota
Da tinta
Minha poesia vem da madrugada
Do céu com trovão
Da descrença na fé
Da praia
Da zona
Do céu
Do inferno
Minha poesia tá nos dentes brancos
Camuflados de felicidade
Da tarde hedonista
Da pipa
Do vôo
Do mergulho
Do nada
Minha poesia vem do medo do claro
Do apagar da música
Do bafo do grito
De você
De mim
De vós
De nós
Minha poesia tá na confusão
Do coração despedaçado
pela flor de margarida
Do jardim
Do atalho
Do verde
Do escondido
Minha poesia tá na porta de casa
varrida em vermelho
em cima do tapete
Do chão
Da poeira
Da vizinha
Da fofoca
Minha poesia vem da frase inacabada
Da boca aberta
Do tilintar das reticências
Da vírgula
Da linha
D0 lápis
Do ponto final

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Japonese Food

E aí a doida saca da cartola:
"Minha amiga foi estuprada por um índio".

Quase cuspimos o sashimi naquele pequeno japa de apenas três pessoas. Três, não. Tinha a garçonete san... Mas isso é outra parte. As gargalhadas ecoaram tão forte que por um momento tive a vontade de trocar a coca zero por uma boa dose de saquê. Se fosse pedir à garçonete san... Mas isso fica pra depois. E lá vai ela contando a desventura da amiga com um índio txucarramãe. Ok, a parada é séria. Mas ng no meu mundo conhecia alguém com uma marca tão bizarra na vida. Imagina o que este ser fez na outra encarnação... Tacape nele!
Bom, mas num jantar entre mocinhas de fino trato, os assuntos variam entre querer matar os chefes e os pseudos. E também listam-se táticas infalíveis de sedução, coação e humilhação.

Pausa para dar uma secada no lutador de jiujitsu/cara de bad boy/gostoso/acompanhado da loura padrão.

Voltamos às nossas histórias em comum bastante incomuns, eu diria. A outra diz que agora só quer saber de grana. Muita, de preferência. Falo da minha viagem de estudo antropológico/fágico com argentinos e afins que profiram qualquer palavra em castelhano bem perto do meu ouvido, dos acontecimantos da noite anterior (com eufemismos e superlativos, claro), do nosso mais querido amigo em comum, das tristezas, das vitórias, de trakinas, de momentos e de desencontros.

Mas não era noite de filosofias de botequim. Somos moças bem nascidas e criadas para serem quase gueixas, desde que seja no corpinho da Lucy Liu. Gueixas modernas que escrevem tratados sobre o caos, mas recorrem à cartomantes e quiromancia para curar o mal de amor.

Pausa para falar com o carinha/ex-peguete/gostosinho/pouco inteligente e divertido

Terminamos a noite com um cigarro, na mesa do pé sujo, sendo importunadas por passantes mais miseráveis que nós. Já sem paciência, soltamos nosso lado "calega" e desafiamos os bons costumes. E aí, a outra saca a maior surpresa do encontro:

"Ele tá aqui grudado no meu pé". E mostra.

Mas isso não vou contar. Só para a garçonete san.

MULHER PERFEITINHA

Achei esse texto tão bom, que gostaria de tê-lo escrito...

Tenho horror a mulher perfeitinha. Sabe aquele tipo que faz escova toda manhã, tá sempre na moda e é tão sorridente que parece garota-propaganda de processo de clareamento dentário? E, só pra piorar, tem a bunda dura!!! Pois então, mulheres assim são um porre. Pior: são brochantes. Sou louco? Então tá, mas posso provar a minha tese. Quer ver?

A) Escova toda manhã.
A fulana acorda as seis da matina pra deixar o cabelo parecido com o da Patrícia de Sabrit. Perde momentos imprescindíveis de rolamento na cama, encoxamento do namorado,pegação,pra encaixar-se no padrão "Alisabel é que é legal". Burra.

B) Na moda.
Estilo pessoal, pra ela, é o que aparece nos anúncios da Elle do mês. Você vê-la de shortinho, camiseta surrada e cabelo preso? Jamais! O que indica uma coisa: ela não vai querer ficar “desarrumada” nem enquanto tiver transando. É capaz até de fazer pose em busca do melhor ângulo perante o espelho do quarto. Credo.

C) Sorriso incessante.
Ela mora na vila do Smurfs? Tá fazendo treinamento pra Hebe? Sou antipático com orgulho, só sorrio para quem provoca meu sorriso. Não gostou? Problema seu. Isso se chama autenticidade, meu caro. Coisa que, pra perfeitinha, não existe. Aliás, ela nem sabe o que a palavra significa, coitada.

D) Bunda dura.
As muito gostosas são muito chatas. Pra manter aquele corpão, comem alface e tomam isotônico (isso quando não enfiam o dedo na garganta pra se livrar das 2 calorias que ingeriram), portanto não vão acompanhá-lo nos pasteizinhos nem na porção de bolinho de arroz do sabadão. Bebida dá barriga e ela tem H-O-R-R-O-R a qualquer carninha saindo da calça de cintura tão baixa que o cós acaba onde começa a pornografia: nada de tomar um bom vinho com você. Cerveja? Equece! Melhor convidar o Jorjão.

Pois é, ela é um tesão. Mas não curte sexo porque desglamouriza, se veste feito um manequim de vitrine do Iguatemi, acha inadmissível você apalpar a bunda dela em público, nunca toma porre e só sabe contar até quinze, que é até onde chega a seqüência de bíceps e tríceps. Que beleza de mulher. E você reparou naquela bunda? Meu Deus...

Legal mesmo é mulher de verdade. E daí se ela tem celulite? O senso de humor compensa.Pode ter uns quilinhos a mais, mas é uma ótima companheira de bebedeira. Pode até ser meio mal educada quando você larga a cueca no meio da sala, mas adora sexo. Porque celulite, gordurinhas e desorganização têm solução (e, às vezes, nem chegam a ser um problema). Mas ainda não criaram um remédio pra futilidade. Nem pra dela, nem pra sua!

E MULHER BONITA DEMAIS E MELANCIA GRANDE, NINGUEM COME SOZINHO !!!!!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Com a boca aberta

Então tá.Hora de gritar um sonoro palavrão.
PUTAQUIPARIUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUm não. Dois.
Putaquipariuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu. CARAAAAAAAAAAAAALHOOOOOOOOO.
Quem me conhece, sabe muito bem que isso é muito pouco.
Acordei as seis e meia pra pegar carona com o paulista.
E não é que ele é gatinho... Mas tem um problema. Usa o mesmo Victoria's Secret que eu.
Não, não tenho saco pra metrossexual. Disputar creme com o bofe, só fodendo bem. Mas muito bem. Como isso está longe de acontecer...Me atirei no Saara pra comprar o bicho da festa da Arca de Noé. Vou de onça. O próximo bofe que chegar aqui em casa terá diversão garantida. tem coelho, onça, índia...
Saí daquele deserto escaldante cheio de novidades que falam mais portunhol do que eu, e migrei para Laranjeiras. De lá, pego um táxi direto pro Lebrão. Eis que no caminho, decido chupar uma bala.
Maldita! Quebrei a obturação do dente.
Lá vou eu que nem uma louca pra Ipanema, atrás do dentista de emergência. O endereço e o telefone deviam estar em algum papelzinho desses, ai, cad~e? Caralho! Eis que a lôra lembra da galeria que tinha uma lojinha simpática e pimba! É o prédio do consultório.
Preencho uma lista mega enorme de perguntas idiotas tais quais: "Vc tem alguma doença contagiosa? Qual? Está satisfeita com seu sorriso?" . Não, neste momento estou amaldiçoando todos os fabricantes de doces e afins e torcendo pro dentista ser um velho decrépito. Eu ali parada com aquele buracão no dente da frente. Seria muita sacanagem se o dentista fosse um gato...
Consultório - Interior - Dia
Como todo castigo pra corno é pouco... Lá vou eu. Com aquele horrendo babador de papel grudado ao pescoço, deito desajeitadamente na cadeira do dentista, que insiste em nunca aparecer. Já estou quase dormindo, quando ouço uma voz.
- Oi Td bem?
Abro os olhos. me assusto.
Ao contrário dos meus mais secretos desejos de que aquele homem fosse horrendo, me deparo com um homão de seus 1,85m, moreno, sorriso branquíssimo, no máximo 28 anos, com a mão estendida, e a minha, claro, cruzadas.
Não. Mil vzs não.
Ele é o cara que vai pedir para que abra a boca e vai ver esse buracão.
Jesus, me leva!
- Oi, td bem. (falo com certa cara de choro)
- Pela sua carinha, não está nada bem... (diz ele, tentando ser simpático. Pra quê? Pra quê?)
O doutor senta ao meu lado e pede para que eu abra a boca.
Ai que vergonha.
Me pergunta o que houve.
- Cara, tava vindo pra Ipanema e chupei uma bala, quando vi caiu a obturação. Logo agora que tava indo pagar minha viagem de férias. Que droga!
Ele lança um sorriso ensaiadinho para momentos de amplo e irrestrito desespero do paciente.
- Menos mal. Pelo menos vai viajar com o dente novo.
Quase emendei:
- E vc? Tá afim de ir comigo?
Enfim, começamos a nossa luta pelo tratamento.
Minha boca endureceu. Quase não abria.
Droga, comi uma empada pelo nariz antes de chegar ao dentista e nem tinha checado pra ver se restavam provas do meu crime;
Merda!
O cara era um anjo. Não me machucou. Fez trabalho genial. E enquanto aquelas mãos seguravam o motorzinho que já nem me irritafva mais, me dei conta que fantasiava com ele de sunga branca em alguma ilha de Bora Bora...
Wake up!
O moço ficou horas mexendo no tal dente. Será que ele tb gostou de mim?
Me sugeriu fazer clareamento. Emendamos um papinho corriqueiro.
Eu, claro, com aquelça droga de sugador no canto da boca, pronunciando palavras incompreensíveis. Mas ele entendia.Foi me dando certa dor no maxilar. Pedi para fechar a boca. Ele deixou.,. Perguntei o nome dele. Gustavo.
Ah sim, eu sou a Carol. Ele me chamou o tempo todo de Ana por causa da ficha imbecil.
Me perguntou qual era o destino da viagem de férias. Responbdi e ele esboçou um largo sorriso. Droga, de novo fiquei vermelha e cruzei o olhar e disfarcei.
Bosta!Hora de ir , então.
Por mim, faria uns cinco canais, um banho de flúor e o levaria pra jantar.
Pedi um cartão para o caso de fazer o tal clareamento e parti feliz.
Ô vida!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Viver dói

Noite de Closer em casa. Precisava rever. Precisava mostrar. A primeira vez foi prestes a me atirar do abismo. A lição primordial: nunca estamos plenamente satisfeitos com o que temos, com quem nos rodeia e até com quem nos ama. Segunda: nem toda a verdade precisa ser dita. Por mais virtuoso que seja, a covardia deveria ser respeitada. Não defendo a mentira. Mas sinceridade cortante fere, magoa, te deixa em frangalhos. A verdade deve prvelecer. Nem sempre, em alguns casos. É como pisar de saltos finos no gramado. Você vai afundar em algum momento.
Da primeira vez, me identifiquei demais com Anna. A fotógrafa que num rompante decidiu se jogar, pois não se achava merecedora suficiente do amor real, calmo e quase indolor. O medo a levou ao desconhecido. E se o desconhecido assusta, também é uma forma de perceber-se vivo.
Na segunda edição, achei que estivesse assistindo a versão do diretor, sem cortes, mais seco. Muita coisa mudou desde a primeira vez. Sempre muda... Acho que estou mais pra Jane agora. Uma desconhecida que prefere apagar o passado, se apresentar embalada pra presente e oferecendo a única coisa que realmente tem e interessa: a entrega sem amarras, o seja bem-vindo à vida e enjoy! Tudo que Jane quer é ser alguém pra outro alguém e não se fiar em alguém. O que Dan não enxerga é que ele depende de sua Alice e não o contrário.
A lição que tiro agora é um pouco mais elaborada que as primeiras intenções. Continuo com as observações anteriores, porém, acabo constatando que por mais íntimo que sejamos, nunca conhecemos de fato o outro.
Mais. Nem sempre o que é real é de verdade e expectativas só existem pra quem vive no universo paralelo. O real é o que você viveu naquele momento. O raio de intensidade só se dá uma vez. O resto é fabricação imprópria da mente que teima em viver no mundo ideal.
Mas o que é o ideal a não ser fragmento da vontade que dê certo? Por que não viver o que se quer no momento em que se pode? Não acredito na pessoa certa na hora errada. Existem pessoas erradas que te visitam a qualquer hora. Mas como sabê-las sem conhecê-las? Mas até onde vai o poder radiográfico do ser-humano? Ninguém se conhece. Ninguém quer se conhecer de verdade, menos ainda ao outro. Qual a chance de dar certo? Talvez a mesma de dar errado. Qual a probalidade de sermos felizes a longo prazo se não conseguimos ser felizes no momento em que algo surpreendente aconteceu? Para Hebert é o segundo que antecede o beijo, a palavra que destroí o amor. Fragmentos... Para Chico, existem desastres nas mãos de qualquer um e o pra sempre é sempre por um triz, que nas mãos de Renato, sempre acaba.
Concluo que viver dói, não é preciso e navego divagando, revendo fatos e querendo saber onde foi o erro. Os acertos podem ser ilusórios.

terça-feira, 15 de abril de 2008

De manhã é cinza

Tenho queda por canções baratas e gente que ri de si mesmo. Não resisto a boas histórias com finais felizes. Mas também gosto da tristeza incontida nas almas mais ineficazes. Tenho predileção por palavras de difícil compreensão. Vogais que deslizam pela boca e que tenham trema e acentos bem agudos. Sou adepta dos sonoros e mais desbocados palavrões utilizados em larga profusão como pausa, vírgula ou constaação. Mexo a cabeça enquanto falo, gesticulo pra pareer mais interessante e cruzo os braços quando contrariada ou tímida. Misturo bebidas. Sempre as destiladas pra que o corpo assombre outros corpos. Danço sozinha de olhos fechados e quase sempre finjo ser uma componente do Moulin Rouge. Sem as variações de pernas, é claro. Tenho um fraco por inteligência, mas não suporto a artificial. A superficialidade me interessa e me entretém por trinta segundos. Mas a futilidade é de extrema e externa necessidade. Gosto de gente que está fora do padrão. Mas às vzs quero que gente se foda. Não creio em bondade, abnegação e dedicação se não for uma via dupla. Todo mundo quer algo do outro. Adoro clichês. E saltos bem altos. Sapatos vermelhos, cachecóis e chapéus. Nasci no lugar certo. Na época apropriada. Não olho muito para trás. Sempre para os lados. Mas o que está à frente sempre me é mais caro. Falo muito de mim e também mal dos outros. De preferência por trás, pq na frente me parece um tanto deselegante. O telefone tocou... Depois eu termino. Falei demais por hoje. Preciso da pausa criativa...

Tema pluvial

A luz apaga porque já raiou o dia
E a fantasia vai voltar pro barracão
Outra ilusão desaparece quarta-feira
Queira ou não queira terminou o carnaval.
Mas não faz mal, não é o fim da batucada
E a madrugada vem trazer meu novo amor
Bate o tambor, chora a cuíca e o pandeiro
Come o couro no terreiro porque o choro começou.
A gente ri A gente chora
E joga fora o que passou
A gente ri A gente chora
E comemora o novo amor.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Ensaio sobre a vida

Quando tirei o travesseiro de cima dos olhos, já não enxergava muita coisa. Via apenas vultos, sombras. Achei que pudesse ser consequência das dores de cabeça, que a essa altura não passavam nem com morfina. Pedi ao meu marido que me levasse até o banheiro. No espelho não me enxerguei.Disse com medo: estou ficando cega. A partir daí,os médicos que desconheciam odiagnóstico da minha doença, ficaram feitos baratas tontas. Me lembro de ouvir um corre-corre no quarto. Ninguém se entendia, eu estava consciente o tempo inteiro. Apesar das dores e dos braços quase paralisados, peguei o celular, liguei para um neurologista do Rio de Janeiro e pedi que me atendesse. Eu mesma pedi minha alta. Se ficasse mais um dia ali, poderia ser fatal.
Me lembro que desci a serra de Teresópolis rezando baixinho. E a mesma voz que me dizia há um mês para procurar um neurologista, me dizia agora para ter calma. Quando cheguei a outro hospital não conseguia me mexer ou falar. meus braços estavam tão roxos, com tantas agulhadas que os enfermeiros cogitaram procurar uma veia no pescoço. Ainda fiz piada dizendo que não queria parecer uma peneira. Depois disso, vários exames se sucederam. Podia ser qq coisa àquela altura. O diagnóstico foi de hipertensãoi intracraniana benigna. O que já dá um certo alívio a última palavra. Fiquei cega porque o líquido fabricado pela espinha não passava por detedrminada veia. O peso fez com que o nervo optico fosse esfacelado, amassado. Tinham de retirar esse liquido todo. Punção lombar. Fizeram errado. Outra. E em nenhum momento me questionava pq eu. Mas sim, pra que?
Algum motivo existia para eu ter passado por aquilo. Ainda não havia sido descoberta a causa. Mas, quando já esperava alta, uma boa alma decidiu olhar mais uma vez minha ressonãncia craniana. Trombose cerebral. Aos 31 anos, tive um AVC. A causa mais provável: combinação explosiva de anticoncepcional e obesidade. Um caso raro, pois não atingiu o córtex cerebral. De oito casos no mundo, o meu até então era o único nesse país. Pensaram em publicar em revistas científicas, enfim. Poderia ter sido na Forbes, como uma das milionárias dop planeta...
A visão foi retornando, mas não possuo visão periférica mais. Ou seja, ando e esbarro em tudo, mas sei pedir desculpas. Não vejo nada abaixo do meu nariz, mas em compensação enxergo td que está acima. Não vejo quem está do lado. Se alguém vier me dar um tapa, por exemplo, será mt bem sucedido. Pra paquerar é uma tormenta. Os caras se sentem rejeitados.
Pouco sobrou da vida daquela Carolina que saiu do hospital no dia 2 de setembro de 2003. Planos foram jogados pelo ralo, sonhos desfeitos, o casamento não resistiu. Mas euencarei. Jamais me virei contra este ou aquele santo. Retomei minha vida no Rio, voltei ao jornalismo, acredito até melhor do que antes. Tô descobrindo quais eram os própósitos de tudo isso. Ainda dou muita cabeçada, deveria estar me cuidando mais, me preservando mais. O porém é que vc descobre numa situação dessas que a vida é aquela preciosa próxima hora que vc tem pela frente. Ao acordar, pode não enxergar mais nada. Ainda me pego olhando para o teto assim que abro os olhos. É a maneira de saber que está tudo bem. Quem me vê de fora, jamais imaginaria pelo que passei. Talvez o meu bom humor e a disponibilidade que eu tenho para a vida me façam rir de muitas coisas. Não posso jogar pingue-ponge, voley, dirigir, andar de bicicleta. Ás vezes não enxergo meu sobrinho e dou-lhe um esbarrão. Minha coxa sempre tem um roxo. Mas posso dizer que sou feliz. Muito. Posso enxergar tudo o que está à minha frente. E me basta ver que cada dia ainda pode ser uma agradável surpresa.

Crash

"O amor não está no coração. Mas na boca., Através de palavras"

"Tenho pressa, tenho sina, tenho sede, tenho fome, tenho gana, tenho sol, tenho cor, tenho cheiros. Sou de pavios, cios, navios, poeiras, beiras. Quero ares, fogo, pares, beijos, olhares, magia, ousadia. Quero vc e tudo mais, agora, depois, jamais. Venha logo, venha devagar, venha inteiro, venha correr o risco. Detestaria ver isso perdido entre escombros de dias ao vento, sem alento, ao relento. Levaria meses digitando para falar de vc. Agente transformador de riso fácil, olhos brilhantes curiosos de um mundo que está por vir...Vc é música no fim de tarde, picolé de limão em Ipanema, poesia na madrugada. Mesmo que já não te conhecesse, reconheceria qualquer gesto seu. Menino com dores e amores de homem. Homem com alegria e coragem de menino. Criatura do mar. solar, celeste. Não foi por acaso, não aleatório, não foi coincidência. Me lembro de vc. Um dia. Uma hora. Um segundo. Uma vida inteira"

Sete pecados

Sinto inveja.
Cobiço o homem da não tão próxima.
Tenho preguiça de começar tudo de novo.
Fico irritada com a felicidade de bofes que não me mereceram.
Teria um orgasmo ao ver alguns desgraçados amarrados pelados no globo da morte.
Minha vaidade está em saber-me melhor que os outros.
E sou gulosa.

Quero comer todos eles.

Agente passivo

Oi, meu nome é "EU TE AMO",
Estou aqui esta noite pra me abrir com todos vocês. Desde que Adão e Eva ganharam um pedacinho de terra no Paraíso, meu nome é repetido em profusão.
E principalmente, em confusão.
Sou formado por três palavrinhas que, por definição, deveriam significar o estado máximo de um sentimento. Pronunciar meu nome antigamente era sinônimo de coisa séria. Ninguém ousaria proferir meu nome em vão. Mas com o tempo, eu - que já fui chamado de três palavrinhas mágicas - fui ficando gasto. Pareço uma meretriz dw bwira de estrada. Barato, desenxabido e utilizado a qualquer hora do dia e da noite.
Ninguém pensa em mim como rei da festa. No máximo, fui mal pago para fazer duas horas de apresentação como mágico, cantor, garçom e Conga, a mulher gorila.
Eu podia estar amando, sendo desejado, ouvido por pessoas especiais. Mas não, caros amigos. Estou aqui para pedir a ajuda de vocês. Sem esse papo de contribuir com qualquer coisa de modo que eu consiga chegar até o próximo ponto.
Não!!!
Quero voltar a ser especial. Circular entre os grandes amores, as delicadas relações.
Poxa, qualquer um toma meu nome emprestado e sai por aí me declarando para quem quer que seja. Ah, quanta promiscuidade! Sempre fui caretão. Mantive minha integridade. E o que ganhei com isso? Entre tantas outras coisas, um adesivo com a seguinte frase "Sogra, eu te amo".Ah! Quanta humilhação!Desde quando um genro falaria isso daquela que irá sempre contra ele no primeiro piti da filha?
O fato é que estou aqui para pedir minha demissão. Quero meu aviso prévio.E bota aí! Décimo terceiro e férias vencidas que um monte de gente tirou com a amante em Côte d' Azur. Chega de andar de boca em boca, de ouvido em ouvido. Na hora do desespero, na hora do sufoco.Na hora do gozo sem importância. Não aguento mais participar de DRs infinitas, em que sempre saio da boca do arrependido. Isso não é vida!
Não páro mais em casa.As bocas me repetem, me buscam e eu, francamente, virei carne de segunda, arroz de festa, croquete de milho.Aquela coisa sem gosto, mas obrigatório pra fazer volume e entreter os convidados.
Chega!
Não quero mais participar dessa orgia milenar.Ou saibam me usar, ou me perderão para sempre. Sem mais.

Feitos para quem mesmo?

Feitos um para o outro
Tarde de Harry e Sally.E toda vez choro horrores. Choro pensando nas oportunidades perdidas, nos radicalismos sem sustentação racional. Choro porque todo mundo merece um amor impossível só pra sentir que tá vivo. Choro de inveja de Sally. Choro pq , no fundo, queria um Harry - ainda que chato e a cara do Billy Cristal - correndo atrás de mim até o Empire State. E tem essa coisa, né? De todo mundo se beijar à meia noite ... Deve ser uma alusão aos contos de fada, um boa noite cinderela bem lisérgico. O fato é que a gente vai vendo como as relações são construídas ao longo da vida. Antes de Harry e Sally estava dando uma olhada em "Separações", do Domingos de Oliveira. Os casais de filmes pseudo-intelectuais nacionais são sempre muito descolados, livres, independentes. E moram no Leblon. Têm grana pra passar uma temporada em Paris, quando voltam estão cheios de projetos culturais e milhões de vinhos na bagagem. E são modernos, sentam-se juntos dos seus ex-pares, como uma grande família italiana. Mas uma coisa ficou na minha cabeça ecoando.Saco, quando essa coisas ecoam é foda porque eu começo a pensar na vida com profundidade. E, sinceramente, tô nessa vibe.
Mas, enfim, pelo menos uma vez por mês amarro esse bode preto e penso nas grandes questões do mundo e da sobrevivência. Lá pelas tantas o cara diz: "É preciso ser amigo de quem vc amou muito um dia. Porque senão o mundo fica cruel demais!".Fiquei absorta, introjectando essa coisa e me pus a pensar nos homens que eu amei.
Amei muito, todos eles. Embora, alguns deles nem acreditem realmente nisso. E descobri que não amei apenas aqueles de relações pré-estabelecidas. Amei cada ser do sexo oposto que passou fugazmente pela minha breve vida. de maneira louca, de maneira sofrida, de maneira divertida. Eu amei. E não foi pouco. E tenho pensado nisso. Porque amor transborda feito leite em peito de mãe iniciante. E quando vc não tem onde colocá-lo ou como eternizá-lo, propagá-lo, é muito ruim. Fica essa coisa entre o estômago e o seio esquerdo. Um nó violento na garganta e vc quer dizer, quer mostrar, quer exibir seu amor. Porque amor é um sentimento tão raro. Todo mundo quer. Ninguém sabe definir direito. Alguém já jurou saber o gosto, outro já apalpou. E amor é tão fácil sentir. Ter é mais difícil.
O amor tá meio aprisionado, eu acho. Falta lucidez pra amar. Falta coragem. Falta tempo. Conheço até quem pense faltar dinheiro pro amor.Detesto essas reflexões. Porque vou ficando densa e pulo pra etapa dois, quando quero saber o propósito de tudo. Seja do fio de cabelo caído no piso do banheiro, seja entender esse movimento cíclico que é a vida e porque ela não costuma sorrir com simpatia pra geral. E vejo essas bobagens hollywoodianas querendo vender o amor eterno e alcançável, e acredito piamente que ele possa mesmo existir.
Sim, ele existe.
Quantos de nós já não fez a besteira de se apaixonar perdidamente ao longo do dia? De meter pés pelas mãos? Pegar o celular na madrugada e acordar numa puta ressaca moral no outro dia só por ter discado praquele amor de ontem? São as horas em que o neurônio - a essa altura o único que existe -, é interligado à boca por apenas um microfio transparente e fraco. Então a mente não registra regras, e lá vai o tal neurônio detonando todo o seu discurso, suas idéias pré-fabricadas.Deveria haver um meio termo. Uma forma de equilíbrio.
Harry e Sally me fazem pensar nisso toda vez que os vejo na tela. Pq é um casal tão improvável que ganhar na megasena é bem mais simples. Os caras levam 12 anos pra se acertar.12!!!Entre idas e vindas. Destino? Paciência? Falta de Sorte? Será mesmo que existe em algum canto do planeta uma pessoa destinada a nós? Será que já não passou por aqui feito cometa e simplesmente se foi?
Tá vendo, tô fazendo de novo. Merda!
Lá vou eu filosofar tal qual leitor de orelha de livro. Saco!
É esse tal de amor. Reprimido aqui dentro. Louco pra sair por aí em noites de tempestade. O chato dessa história é saber que se tem tanto a oferecer pra tão pouca gente que merece.Tá, comentário ranzinza. Eu sei. Mas quando estou contemplativa, eu fico entre amargurada e cética. Certamente, existe alguém por aí merecedor desse transbordamento. Dessa cheia de amor que acontece em algumas estações do ano!

terça-feira, 8 de abril de 2008

Um truquezzzinho basic

Caros leitores de orelha de livro, profundos conhecedores de duas ou três citações de Nietzsche, amantes da culinária tailandesa feita por Tia Elza, vítimas da moda de ponta de estoque de Herchcovitch, ouvintes hypes de Mr.Catra pirata, freqüentadores do Coqueirão de Ramos, cultuadores do cinema indiano gratuito... Neste espaço, quase um lounge virtual, se fala de muito um tudo. Mas amadores não entram. Gente que se leva a sério tem úlcera e mau-hálito. Força no laquê e muito truque!