quarta-feira, 9 de abril de 2008

Agente passivo

Oi, meu nome é "EU TE AMO",
Estou aqui esta noite pra me abrir com todos vocês. Desde que Adão e Eva ganharam um pedacinho de terra no Paraíso, meu nome é repetido em profusão.
E principalmente, em confusão.
Sou formado por três palavrinhas que, por definição, deveriam significar o estado máximo de um sentimento. Pronunciar meu nome antigamente era sinônimo de coisa séria. Ninguém ousaria proferir meu nome em vão. Mas com o tempo, eu - que já fui chamado de três palavrinhas mágicas - fui ficando gasto. Pareço uma meretriz dw bwira de estrada. Barato, desenxabido e utilizado a qualquer hora do dia e da noite.
Ninguém pensa em mim como rei da festa. No máximo, fui mal pago para fazer duas horas de apresentação como mágico, cantor, garçom e Conga, a mulher gorila.
Eu podia estar amando, sendo desejado, ouvido por pessoas especiais. Mas não, caros amigos. Estou aqui para pedir a ajuda de vocês. Sem esse papo de contribuir com qualquer coisa de modo que eu consiga chegar até o próximo ponto.
Não!!!
Quero voltar a ser especial. Circular entre os grandes amores, as delicadas relações.
Poxa, qualquer um toma meu nome emprestado e sai por aí me declarando para quem quer que seja. Ah, quanta promiscuidade! Sempre fui caretão. Mantive minha integridade. E o que ganhei com isso? Entre tantas outras coisas, um adesivo com a seguinte frase "Sogra, eu te amo".Ah! Quanta humilhação!Desde quando um genro falaria isso daquela que irá sempre contra ele no primeiro piti da filha?
O fato é que estou aqui para pedir minha demissão. Quero meu aviso prévio.E bota aí! Décimo terceiro e férias vencidas que um monte de gente tirou com a amante em Côte d' Azur. Chega de andar de boca em boca, de ouvido em ouvido. Na hora do desespero, na hora do sufoco.Na hora do gozo sem importância. Não aguento mais participar de DRs infinitas, em que sempre saio da boca do arrependido. Isso não é vida!
Não páro mais em casa.As bocas me repetem, me buscam e eu, francamente, virei carne de segunda, arroz de festa, croquete de milho.Aquela coisa sem gosto, mas obrigatório pra fazer volume e entreter os convidados.
Chega!
Não quero mais participar dessa orgia milenar.Ou saibam me usar, ou me perderão para sempre. Sem mais.

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