quinta-feira, 17 de abril de 2008

Com a boca aberta

Então tá.Hora de gritar um sonoro palavrão.
PUTAQUIPARIUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUm não. Dois.
Putaquipariuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu. CARAAAAAAAAAAAAALHOOOOOOOOO.
Quem me conhece, sabe muito bem que isso é muito pouco.
Acordei as seis e meia pra pegar carona com o paulista.
E não é que ele é gatinho... Mas tem um problema. Usa o mesmo Victoria's Secret que eu.
Não, não tenho saco pra metrossexual. Disputar creme com o bofe, só fodendo bem. Mas muito bem. Como isso está longe de acontecer...Me atirei no Saara pra comprar o bicho da festa da Arca de Noé. Vou de onça. O próximo bofe que chegar aqui em casa terá diversão garantida. tem coelho, onça, índia...
Saí daquele deserto escaldante cheio de novidades que falam mais portunhol do que eu, e migrei para Laranjeiras. De lá, pego um táxi direto pro Lebrão. Eis que no caminho, decido chupar uma bala.
Maldita! Quebrei a obturação do dente.
Lá vou eu que nem uma louca pra Ipanema, atrás do dentista de emergência. O endereço e o telefone deviam estar em algum papelzinho desses, ai, cad~e? Caralho! Eis que a lôra lembra da galeria que tinha uma lojinha simpática e pimba! É o prédio do consultório.
Preencho uma lista mega enorme de perguntas idiotas tais quais: "Vc tem alguma doença contagiosa? Qual? Está satisfeita com seu sorriso?" . Não, neste momento estou amaldiçoando todos os fabricantes de doces e afins e torcendo pro dentista ser um velho decrépito. Eu ali parada com aquele buracão no dente da frente. Seria muita sacanagem se o dentista fosse um gato...
Consultório - Interior - Dia
Como todo castigo pra corno é pouco... Lá vou eu. Com aquele horrendo babador de papel grudado ao pescoço, deito desajeitadamente na cadeira do dentista, que insiste em nunca aparecer. Já estou quase dormindo, quando ouço uma voz.
- Oi Td bem?
Abro os olhos. me assusto.
Ao contrário dos meus mais secretos desejos de que aquele homem fosse horrendo, me deparo com um homão de seus 1,85m, moreno, sorriso branquíssimo, no máximo 28 anos, com a mão estendida, e a minha, claro, cruzadas.
Não. Mil vzs não.
Ele é o cara que vai pedir para que abra a boca e vai ver esse buracão.
Jesus, me leva!
- Oi, td bem. (falo com certa cara de choro)
- Pela sua carinha, não está nada bem... (diz ele, tentando ser simpático. Pra quê? Pra quê?)
O doutor senta ao meu lado e pede para que eu abra a boca.
Ai que vergonha.
Me pergunta o que houve.
- Cara, tava vindo pra Ipanema e chupei uma bala, quando vi caiu a obturação. Logo agora que tava indo pagar minha viagem de férias. Que droga!
Ele lança um sorriso ensaiadinho para momentos de amplo e irrestrito desespero do paciente.
- Menos mal. Pelo menos vai viajar com o dente novo.
Quase emendei:
- E vc? Tá afim de ir comigo?
Enfim, começamos a nossa luta pelo tratamento.
Minha boca endureceu. Quase não abria.
Droga, comi uma empada pelo nariz antes de chegar ao dentista e nem tinha checado pra ver se restavam provas do meu crime;
Merda!
O cara era um anjo. Não me machucou. Fez trabalho genial. E enquanto aquelas mãos seguravam o motorzinho que já nem me irritafva mais, me dei conta que fantasiava com ele de sunga branca em alguma ilha de Bora Bora...
Wake up!
O moço ficou horas mexendo no tal dente. Será que ele tb gostou de mim?
Me sugeriu fazer clareamento. Emendamos um papinho corriqueiro.
Eu, claro, com aquelça droga de sugador no canto da boca, pronunciando palavras incompreensíveis. Mas ele entendia.Foi me dando certa dor no maxilar. Pedi para fechar a boca. Ele deixou.,. Perguntei o nome dele. Gustavo.
Ah sim, eu sou a Carol. Ele me chamou o tempo todo de Ana por causa da ficha imbecil.
Me perguntou qual era o destino da viagem de férias. Responbdi e ele esboçou um largo sorriso. Droga, de novo fiquei vermelha e cruzei o olhar e disfarcei.
Bosta!Hora de ir , então.
Por mim, faria uns cinco canais, um banho de flúor e o levaria pra jantar.
Pedi um cartão para o caso de fazer o tal clareamento e parti feliz.
Ô vida!

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