domingo, 20 de abril de 2008

No title

Eu não gosto da rima.
Minha poesia vem do som da rua
Da alma que chega apressada
Do feio
Do sujo
Do roto
Do esfarrapado
Minha poesia tá nos olhos castanhos
Dourados da manhã sem sol
Da lágrima que escorre pelo canto da boca
Do moço
Da velha
Da gota
Da tinta
Minha poesia vem da madrugada
Do céu com trovão
Da descrença na fé
Da praia
Da zona
Do céu
Do inferno
Minha poesia tá nos dentes brancos
Camuflados de felicidade
Da tarde hedonista
Da pipa
Do vôo
Do mergulho
Do nada
Minha poesia vem do medo do claro
Do apagar da música
Do bafo do grito
De você
De mim
De vós
De nós
Minha poesia tá na confusão
Do coração despedaçado
pela flor de margarida
Do jardim
Do atalho
Do verde
Do escondido
Minha poesia tá na porta de casa
varrida em vermelho
em cima do tapete
Do chão
Da poeira
Da vizinha
Da fofoca
Minha poesia vem da frase inacabada
Da boca aberta
Do tilintar das reticências
Da vírgula
Da linha
D0 lápis
Do ponto final

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