segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Amor de Jukebox

O amor que a gente vê nos olhos molhados. Que sai da boca úmida. Que invade as ruas e os cinemas. Que se senta ao café e fita a sombra sem qualquer pretensão de racionalidade. Que desenha no ar com pincéis imaginários. Papel e carvão. Parede de concreto azul. Dando vazão ao inexplicável. Oriundo do desejo de apenas estar. Que combina com sonoridades suaves, com boleros duvidosos, com cenas de cafonice arbitrária. Destoa da raiva, da tristeza, do não querer e não ser querido. Do afobar-se. Da cantoria desatinada, desafinada, desarvoirada, descompassada, desmiolada.
"If I fell in love with you
Would you promise to be true
And help me understand?
'Cause I've been in love before
And I found that love was more
Than just holdin' hands"
E quantas promessas se fazem presentes sem garantir um futuro? E quantas certezas cabem na palma das mãos dadas? Nos rostos gelados de uma manhã de inverno? Quantos anos se escondem nos cabelos emaranhados às primeiras horas do dia anterior? Quantas gargalhadas sem nenhuma graça óbvia?
"You're asking me will my love grow
I don't know, I don't know
You stick around now it may show
I don't know, I don't know"
O problema é sempre querer saber até quando. É procurar por prazos. É não perceber que tudo tem prazo de validade. Que o que nasce intenso demais pode queimar a lâmpada. Que desprender eneria com pouca coisa pode criar tornados. Um dia de cada vez. Com acertos e erros. Ninguém gosta de derrotas. Mas é quase sempre inevitável. Senão cíclico o amor.
"'Oh, darling
If you leave me,
I'll never make it alone
Believe me when I beg you,
Don't ever leave me alone"
E aí tudo parece desmoronar. O entendimento não há. O conceito já era. O ápice foi apagado, camuflado. Saturou. Porque se queria demais. Depositou-se muito na conta do outro. Fez dele um laranja de todos os desejos e historinhas fantasiosas. Prendeu-o numa gaveta de arquivo morto. Deixou a poeira tomar conta do que podia estar em posição de destaque. Tal qual bibelô, quebrou-se. Frágil e inconseqüente.
"Words are flowing out like
endless rain into a paper cup,
They slither while they pass
they slip away
across the universe
Pools of sorrow, waves of joy
are drifting through my opened mind
Possessing and caressing me"
E quando tudo passa, se acalma e torna-se raso, se pensa no que deu errado. E vê-se que o não acerto foi apenas provocado. E é possível remover a pá de cal. É possível deixar debaixo do tapete todos os impropérios ditos, velados e testemunhados. É hora de buscar antídoto pro veneno de estar só querendo-se unido. É preciso redescobrir o amar. E todos precisamos de amor.





* Post baseado no filme musical "Across the universe". Não deixe de assistir e se apaixone.

3 comentários:

T. disse...

Meninaaa.... obrigada pela visita no blog.
Estava pensando porque vc estava sumidinha.

Então... está horrível meu tempo, mas prometo me programar para postar mais e melhor =)

beijo

O Equilibrador de Pratos disse...

Este texto tá tão Sacamano (se eu soubesse escrever, claro). Um dia de cada vez. Adorei!
Bjo!

Sacamano

rbr disse...

^^
todos precisamos de amor

final perfeito!