quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Meu principesco

Ele me lembra gargalhadas. Deita ao meu lado e me abraça o pescoço com as duas mãos. Agora deu pra ser metido a artista. É só fechar os olhos e sinto seu cheiro. Aqueles olhinhos rasgados, brilhantes, curiosos e vorazes. Deu pra dizer que quer ser jornalisa. Vê se pode. Acha que sou super-heroína e me chama de sem-vergonha com uma intimidade cortante. Quer me acompanhar. Me mostra sua biblioeca particular e me perguna sobre coisas que não sei dizer. Invento umas mirabolâncias e ele acha tudo incrível. Anda preocupado porque está falando tlês. Mas o inglês pronunciado precariamente é tão bonito. Sinto dor no peito ao ver o pé dele crescer. Já não consigo pegá-lo no colo. Mas continuamos jogando almofadas no chão, edredom e cabana. Leio as histórias de Ziraldo. Invenamos música. Criamos receita. Nunca imaginei que poderia ser o melhor companheiro que terei ao longo da estrada. Vê-lo criar asas me causa comoção e me emociona. Mas dá medo. Em saber que o mundo tá aí e que ele vai se servir dele. Em posições opostas. Força motriz que desafia o vento. É bom contar-lhe histórias. Deu de ficar roendo unha enquanto assiste TV. E tá achando o máximo se ver em propaganda. Assistimos juntos a filmes e é meu fã enquanto danço a música do Panda. Odeia meu cigarro e diz que vou morre rápido. Já pediu pra eu parar. Devo conseguir. Ele me dá saudade da infância com suas conclusões definitivas. Suas palavras inventadas no seu glossário particular. Cuble em vez de clube. Tesse em vez de tivesse. Calina em vez de Carolina. Aligenina em vez de alienígena... A cada segundo amo mais. E talvez seja o único amor sincero que sinto hoje em dia. Em via de mão dupla. Estivemos revendo Partimpim esse fds. E descubro, vejam só, que a música preferida dele não é mais ligliglé. Agora gosta de Poeta aprendiz. De Vinícius. É ou não é pra amar incondicionalmente.

Para Felipe, com todo o amor que existe no coração torto da Tia Calina

3 comentários:

Mulher Paraense disse...

Tenho uma filha de 10 meses e acada dia amo mais aquele pinguinho de gente, é cada uma que ela inventa, ta quase aprendendo andar, super-sapeca vive se pendurando em tudo, pega a escova de cabelo e tenta se pentiar, imagina?
Só sabe chamar mamãe, tinha aprendido a falar papai e nenê, mas não falou mais, todo mundo é mamãe pra ela...rsrs
Minha filhona é minha vida!
bjs

Karine disse...

Ahh..Poética,minina!

Esse blog é uma meiguice só!

^^

Eu eu A-D-O-R-O!

Bjinhuss
Atualizei!

Anônimo disse...

Que delícia de texto, Tia Calina! Aliás, que delícia de sobrinho... Ele é um fofo e, imagino, deve estar enorme! Onde ele está 'passando na televisão'? Me mostra!!! Bezo!